Dia de S. Valentim.

Pois é! Ontem foi dia de S. Valentim! Ou Dia dos Namorados, se preferirem... se não preferirem, podem sempre dizer que ontem foi só dia 14 de Fevereiro, que toda a gente percebe logo! Sim, porque dependendo da pessoa, assim é o seu sentimento para com a data que se comemorou. Há quem deteste, há quem odeie, há os que gostavam que ele não existisse, há quem seja indiferente, há os que ficam tristes de pensar nisso e há também aqueles que... gostam do dia! Sim! Também os há!

Para mim, são três (basicamente) os tipos de sentimento que se podem ter relativamente ao dia de S. Valentim.

O primeiro é aquele em que a solidão, a falta de alguém com quem o comemorar, o tornam num dia tão triste e sombrio que o simples acto de sair à rua é uma experiência mais dolorosa como um coice da Euribor (seja a mula, seja a taxa...), tantos são os casais aos beijinhos de mãozinha dada que se nos atravessam à frente a reforçar a certeza de que este dia não deveria existir e é totalmente cruel e despropositado! A pergunta "o que é que vais oferecer no dia dos namorados?" só é feita por alguém que nos odeie profundamente!

Noutras alturas, a solidão anterior foi substituída por uma cara-metade que até poderia dar todo o sentido ao Dia de S. Valentim, mas continua a existir um sentimento de repulsa pelo dito. E até se poderia perceber... Digam lá que é fácil arranjar uma mesa no vosso restaurante preferido!? Ou que mesmo depois de 45 minutos à espera, aquela que deveria ser uma noite bem especial, não fica completamente banalizada pela quantidade de fotocópias vossas que também quiseram ir ao mesmo restaurante preferido e que também já tinham encontrado na fila para comprar umas flores 3 vezes mais caras que o normal e com metade da graça!? A frase deste grupo é: "Não preciso do dia de S. Valentim para mostrar o quanto gosto de alguém!!", chegando mesmo a fazer questão de não o comemorar só para provar que têm razão! Já para não falar da febre consumista que as lojas nos querem impingir, para ficar (mais uma vez) com o nosso dinheiro! Percebe-se...

Finalmente faltam aqueles que adoram o dia, que vibram com ele, que o preparam ao milímetro e que, inclusivamente o marcam na agenda (dica: há agendas que já o trazem marcado. Para o ano podem poupar o vosso esforço comprando uma destas... mas não tem tanta graça, pois não?). Não sou tão ferrenho assim, e também acho que não precisamos deste dia para mostrar o quanto gostamos da nossa "coisa mais linda" (...mais cheia de graça, É ela menina que vem que passa, Num doce balanço caminho do mar...). Não, não precisamos (se precisarmos algo está muito mal... cuidado...)! Mas só por isso, não temos que cair no extremo de fazer questão de NÃO MOSTRAR nada neste dia! Para quê? Qual é o problema? Qual é o mal de ter uma atenção, mandar umas mensagens, comprar um postal, um peluche ou (vá! vamos ser doidos!) a flor preferida dela? Não precisa de ser neste dia? Claro que não!!! Mas, sinceramente, quantos de vós (dos que namoram há mais de 3 meses, e não fazem anos em Janeiro) ofereceram flores, ou escreveram um postal ou compraram uma lembrança para a "coisa mais linda" (...mais cheia de.... OK! Já me calei!) no último mês? Vá, não se armem em "diferentes" só porque sim, não sejam do contra por birra, e para o ano comprem um cacto à vossa menina ou uma playstation portátil ao vosso menino, ou não comprem nada mas gozem o dia da forma que acharem melhor... Ou então combinem um fim-de-semana romântico a dois bem longe... Eu se, puder, é o que vou fazer! Mostrar a alguém o quanto gostamos dela(e)! Sempre! Até no dia de S. Valentim!!! Porque não??

Ok! Agora a parte que eu acho irónica:

"Porque a disfunção eréctil pode arruinar com qualquer namoro, hoje assinala-se também o dia europeu dedicado à doença que afecta cerca de 400 mil portugueses. Os especialistas alertam para a necessidade de se derrubar o tabu e recorrer ao médico. A dois."

in Jornal de Notícias, 14.02.2007

Ok! Até percebo que seja importante falar deste problema. Mas imaginem a pressão que esta "lembrança" pode colocar em cima de um gajo sofra desta doença? Eu acho que um homem que sofra de disfunção eréctil e que até tenha passado o dia entusiasmado com a ideia de um jantar afrodisíaco à luz de velas, ao som de uma musica romântica, só os dois em casa à média luz que até poderia desenvolver em mais qualquer coisa, vê esta notícia e o que é que fica a pensar no resto do dia?? "Tenho que ir ao médico, e resolver o problema"? Era bom que fosse, mas de certeza que não!! Aquilo que vai ficar a latejar dentro da cabeça o resto do dia é no medo... O medo de... falhar e "arruinar o namoro".

Falar nos problemas e ajudar as pessoas? Claro que sim. Mas será que vale a pena pressionar as pessoas num dia que tinha tudo para acabar melhor que os outros?? De certeza que quem se lembrou desta ideia ou detesta o dia de S. Valentim ou não tem ninguém com quem o comemorar.

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